Resenha - Rainha Vermelha

CLASSIFICAÇÃO FINAL: 9 Batatas Criatividade no conteudo - 9,5 Narrativa - 10 Desenvolvimento da historia - 10 Relaçoes entre personagens - 7 Personagem principal - 8,5 Personagens secundarias - 8,5 Coerencia historia - 9,5

Quero começar a agradecer à editora Saída de Emergência, a editora parceira do Instragram (@writer_gabby) e blog, pela cedência do livro.

Quis ler este livro por me ter sido dito, em algumas resenhas, que tinha certas semelhanças ao meu nalguns aspectos; até o ano passado nunca tinha ouvido falar deste livro, já tive visto a capa, achado bonita, mas nunca pensei em pegar realmente nele. Por essas razões, fiquei muito curiosa. 

Consegui perceber o que quiseram dizer e realmente tem semelhanças mas somente no inicio, em especial por causa de Mare, e isso para mim é um elogio, pois eu amei este livro! Era mesmo a leitura que estava a precisar. O que mais amei nesta leitura foi o facto de conseguir juntar politica, acção, aventura e romance tudo na dose certa, sem pender mais para um lado nem para o outro, tudo faz parte duma acção e isso torna tudo muito mais real. Os personagens são muito bem construídos, nenhum deles perfeito, tem defeitos e qualidades, todos capazes de errar, com sentimentos menos bons, acreditando estar certos à sua maneira; todas as personagens deste livro têm a sua própria e distinta maneira de ver o mundo em que vivem.

A historia é relatada da perspectiva de Mare, num universo em que os humanos estão divididos entre a cor do seu sangue, Vermelhos e Prateados, sendo os Prateados superiores devido às habilidades que possuem, desde força bruta, até conseguir dobrar metal, chegando a torturar pessoas só com a mente (algo que eu achei muito bem feito, foram as fraquezas de cada poder, nenhum era completamente indestrutível e todos tinham um nome especifico, como uma raça. Um Prateado capaz de controlar o elemento água tem vantagem sobre o do fogo. Ainda assim, eles não dependem só do seu poder, eles treinam para seres fortes em termos físicos).

 Os Vermelhos vivem como escravos, obrigados a para a recruta se não tiverem um trabalho, e a nossa protagonista faz parte desse grupo. Mare rouba para viver e ajudar a família ao máximo tendo em conta que não tem o talento da irmã para bordar. Numa tentativa de ajudar a si e Kirion, seu amigo, a não irem para a recruta, Mare tenta roubar para pagar a passagem de ambos, não sendo bem sucedida. Isso desencadeia uma serie de eventos que leva Mare até ao castelo dos Prateados, obrigada a viver como um deles, fingindo-se passar por eles e sobre as ordens dos mesmos, tudo para sobreviver e esconder poderes que a própria desconhecia e que foram expostos ao mundo.

A Mare é uma personagem espectacular, não é possível não gostar dela pelo menos em algum momento da história. Luta pelas causas em que acredita, contudo Mare está longe de ser perfeita, cometeu erros, muitos ao longo do livro e a sua personalidade tem tantos pontos positivos como negativos, o que para mim é importante. Ela é manipuladora, ainda que tivesse as suas razões, por vezes fiquei zangada com ela, pois tratava-os como se fossem as marionetas.

Em termos de personagens masculinos, temos Maven, Cal e Kilorn. O meu preferido foi Kilorn, nem sei muito bem explicar porquê, não é meu hábito gostar do melhor amigo de infância mais do que dos outros pretendentes, mas este teve algo que me chamou atenção; contudo apareceu poucas vezes. Adorei a sua personalidade forte sem se tornar irritante ou demasiado casmurro, corajoso e decidido, disposto a morrer por uma causa e sem medo de seguir o seu instinto. Cal é muito 'direitinho', cumpridor do dever e com um noção de justiça própria, adorei isso nele; apesar de não concordar com parte do seu modo de ver o mundo, consegui perceber porque o faz (um homem é o seu tempo e as suas circunstâncias e as circunstancias em que Cal foi criado, é natural o modo como pensa, é pouco natural a sua compaixão, e por essa razão gostei imenso dele!) . Maven, é uma caixinha de supresas, não sei o que dizer sobre ele sem dar spoiler, por isso vão ler o livro!

Posso dizer que o meu ship (casal que gostava de ver junto) não aconteceu neste livro. Infelizmente. Choremos. Ainda assim não desgostei completamente da alternativa, apesar não ser o tipo de relação que eu mais gosto num livro; surgiu um pouco do nada e eu prefiro algo que cresça com o passar no tempo, que exista uma razão clara de uma pessoa amar a outra e não quase só por uma troca de olhares (disse 'quase' porque neste caso é um pouco mais complexo).

O final é inesperado, nunca esperei que tal se sucede-se daquele modo, e deixa com muito vontade de comprar o próximo para saber o que irá acontecer a seguir. Quando pensas que já sabes de tudo, afinal não sabes nada. 

'Toda a gente pode trair toda a gente' é a grande frase e lição deste livro fantástico que vocês precisam de ler agora! 

Sei que a criatividade do conteúdo está um pouco alta para um livro que fala duma rapariga que vive para sobreviver, tem um melhor amigo e desconhece que tem poderes e que é muito forte, temida até pelos Prateados e com uns rebeldes à mistura; sim tem clichés, MAS, isso é só o superficial e também a única razão porque não leva um dez completo. A história parte duma ideia base cliché e torna-se algo muito mais complexo, mais avançado e completamente inesperado.  

A relação entre as personagens no entanto, foram na sua maioria superficiais. O universo envolvente foi muito coerente, a única coisa que não bateu muito certo para mim foram algumas das relações pessoais, de resto, tudo fez sentido, o modo como se desenrolou a acção, as traições, os enganos e artimanhas de todos os lados, tornam tudo mais envolvente, complexo e com possibilidade de erro; todavia, Victoria acertou em cheio, e conseguiu criar um mundo em que, pelo menos neste primeiro livro, tudo bateu certo. Parabéns à autora pelo livro e à editora! Agora só temos de esperar pelo filme.