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Resenha - Desobediência

  • Foto do escritor: Gabriela Simões
    Gabriela Simões
  • 18 de jun. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 27 de jun. de 2018


PONTUAÇÃO FINAL: 8,9 Batatas

Criatividade no Conteúdo – 9,7

Narrativa – 8,8

Desenvolvimento da História - 9

Relações entre Personagens - 7

Personagens Principais - 8

Personagens Secundárias – 8,5

Coerência da história dentro do universo – 10


Esta leitura foi feita em parceria com Editora Saída de Emergência, uma parceira do Blog e Instragram (@writer_gabby) que me cedeu um exemplar deste mesmo livro. Contudo isso em nada afetou a minha opinião.


Para ser sincera, estava um pouco receosa a começar este livro, pois é um género completamente diferente do que estou habituada.


A história gira em torno de Ronit, uma jovem solteira a viver em Nova Iorque, cujo o pai, Rav, é um estimado rabi da comunidade judaica de Londres, numa pequena cidade onde se presa o Judaísmo Ortodoxo, no qual a própria foi educada. Sendo uma religião sufocante, Ronit fugir há muito tempo, contudo, quando descobre que o pai faleceu, decide regressar a casa pela primeira vez em anos. O seu regresso confronta-a com memórias de infância, amizades e os amores que formou na adolescência que a assombraram, lembrando-na, de forma dolorosa, que não só é uma estranha na sua própria casa, mas também uma ameaça à tradição seguida durante anos e anos naquela pequena comunidade, extremamente rígida. Dividida entre os seus desejos pessoais e a obediência a Deus, que escolha resta a Ronit? Uma vida de conformismo… ou desobedecer a tudo o que lhe foi ensinado desde a infância?


O livro gira portanto em volta desta premissa, mostrando-nos as diferentes faces do judaísmo e como este pode ser interpretado. Junta assuntos da actualidade e como estes são vistos por sociedades mais fechadas, chegando mesmo a fazer o paralelismo entre a religião e a homossexualidade. O modo como ambos os temas foram abordados é simplesmente genial, simples e complexo ao mesmo tempo, com uma escrita leve, narrada de três pontos de vista, sendo que dois deles são da visão da terceira pessoa, o primo de Ronit e a sua esposa, e somente o da própria personagem principal é na primeira pessoa - conseguimos diferenciar pela mudança no tipo de letra. 



Nunca tinha lido um livro com uma temática tão real e até certo ponto séria, com religião interligada, por essa razão, não tinha grandes expectativas, pois calculei que fosse uma leitura pesada e com pouco interesse em níveis da história em si, em que o foco seria a religião. Contudo, enganei-me, pois apesar de tratar efectivamente duma  a leitura não transmite esse sentimento e faz com que tudo se una; trata-se dum livro pequeno, muito fácil de ler, que nos faz rir, sentir a dor das personagens e ao mesmo tempo reflectir. 'Desobediência' mostra como é viver sobre a sombra de alguém, como a nossa personalidade e escolhas de vida se podem sobrepor aos ensinamentos duma vida e os sentimentos conflituosos criados.   

 

Fiquei admirada por ter gostado tanto deste livro, de me ter envolvido tão profundamente na história, com as personagens, mesmo não gostando de muitas das suas atitudes, tenho de admitir que esta não só foram essenciais para a história, como de acordo com as suas personalidades, não as consigo imaginar a agir de outra forma. Não quero dar muitos pormenores da história, pois sinto que é um livro que precisa realmente de ser lido para se perceber, por isso vão ler por favor!


Todos os capítulos começam com uma frase ou passagem do Torá, o livro seguido pelos Judeus; de seguida, é-nos apresentada uma breve explicação dessa mesma passagem, como se fosse uma introdução ao tema do capitulo a seguir - não é narrada sobre a preservativa de nenhuma personagem, pelo menos que esteja viva, pois a minha interpretação, é que era na verdade Rav, o pai de Ronit a dar-nos aquelas explicações. Teorias da conspiração? Talvez. 


Este livro sem dúvida alguma superou as minhas expectativas e só tenho agradecer à editora Saída de Emergência por me terem proposto esta leitura fantástica, da qual eu desconhecia, apesar de a própria autora, Naomi Alderman, ter ganho um Baileys Woman Prize de ficção em 2017. Sem dúvida uma leitura que recomendo para toda a gente que se interesse por problemas sociais, aceitação e demónios interiores, e até mesmo quem esteja à procura duma leitura leve mas com algum significado. 

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